não existe um fio condutor. o que conduz a atualidade é o puro caos, na sua mais pura essência. não dá para procurar a lógica onde não há. a idade da pedra, do ferro, do ouro não se comparam à idade em que vivemos. a idade do gelo! as pessoas se reproduzem como clones. uns iguais aos outros se vangloriando em adular-se a si mesmos e a enganar. é o século do engano, da mentira, da aparência, do faz de conta. a mentira televisiva tomou conta da alma humana. o que olho pode não ser o que vejo. o que escuto pode ser o que não ouço. o que toco pode não ser real. é fácil mentir. é fácil fazer de conta que sou o que não sou. o que está em jogo na era do gelo é o que posso ganhar. o ganho está em primeiro lugar. sentimento gelado. beijo gelado. abraço gelado. sorrisos assustadoramente gelados. e nesta frieza se constrói um admirável mundo novo. perfeito. naõ se admite falhas. não se admite ser humano. estamos para além de humano mas no sentido oposto ao de Nietzsche. nos tornamos não humanos. a alegria programada, o amor interesseiro, a aparência estudada, as palavras sem conteúdo e o caráter duvidoso compõem o homem contemporâneo. ele é out-in, ele é clean, ele é perfeito, ele é rápido em pensamento e safadeza! esperto, oportunista, ardiloso e frio, muito frio. a carcaça artificial sobrepujou a alma, o coração, os sentimentos que ainda se podiam dizer humanos. se corre, se briga, se pisa, e às cegas se mata e se mata o amor, a solidariedade, a emoção. esses seres amorfos de sentimentos, exilados de si mesmos, perambulam do nada para o nada num mundo virtual e ilusório. tão longe estão da essência, que um desconhece o outro. se estranham. fogem com medo do que veem. pois somos espelhos uns dos outros. e nem sempre o que a realidade nos impõe é bom de se ver.
esta é a era do gelo! onde se perdem bilhões em construir mundos super modernos, belezas e juventudes eternas para ganhar e ganhar, ter e ter cada vez mais! o império dos desejos acompanha a era do gelo. deseja-se tudo. quer-se tudo. tem-se, na verdade, nada. no fundo somos um amontoados de móleculas destrutíveis. bactérias de um mundo caótico. o vírus implantado por um cientista maluco. ahhh raça humana! o gelo cobriu teu coração! o super cérebro suplantou teus sentimentos e, teus olhos, estão presos à caverna de Platão!
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