nessa busca incessante de um caminho, me perco. em mim são tantos já percorridos. uns tantos perdidos. uns tantos achados. faço-me a cada dia porque o futuro não vejo. sinto o passado presente nos cheiros, nas músicas, nas letras que leio. impossível não te-lo presente. são vozes, sussurros, gritos, canções presentes. não percorro longas jornadas em planos. os desfaço a cada minuto. não vejo lógica nesse estar de fazer coisas efemeras. passando os dias velozmente, sinto apenas a impermanência. minhas coisas se tornam urgentes e não sei esperar. preciso respirar. olhar a gota de chuva na janela, o vento nas folhas das árvores, os pássaros nos fios elétricos, as casas de joão de barro nos postes. houve um tempo em que tudo era eterno. olhar a casa de joão de barro era um presente! único que fazia sorrir. hoje a chuva molha quem passa correndo. o sol queima quem tem que trabalhar. e o vento desajeita o que aprumado está para a farsa diária. o mundo do avesso é o faz de conta. o avesso transmutou a realidade que eu conhecia. pois queria estar do outro lado do espelho onde o tempo não existia. são urgências! são tempos de carências e almas perdidas, penadas, safadas! andamos de um lado ao outro feito baratas tontas, às cegas para não ver que a linha é reta. início e fim são irremediáveis. sigo a solidão de quem vive a desbaratinar o próprio cérebro. sigo a solidão de quem ousa desafiar os limites do coração. sigo a solidão de quem nunca ergueu uma bandeira por achar que entre países não deveria existir uma fronteira. o mar, o vento, o sol, a chuva, o verde das matas e a doçura de qualquer animal me encantam a ponto de me fazer chorar. hoje não corro mais. meu cérebro ferve! neurônios se esbarram tentando, em vão, conexões lógicas. mas não há lógica! nessa vida queria nascer de novo, mas do avesso!